segunda-feira, 21 de abril de 2014

Teatro/CRÍTICA

"Tudo por um Pop Star"

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Maravilhosa festa no Ipanema



Lionel Fischer



"Quando descobrem que seus maiores ídolos vêm ao Brasil para um show no Maracanã, Manu, Gabi e Ritinha fazem de tudo para ver os ídolos de perto e vivem uma grande aventura mas...nada, absolutamente nada do que planejam dá certo. Apesar das várias tentativas e técnicas de aproximação, o trio de tietes só se mete em confusão. A falta de sorte das fãs mais desastradas do mundo é tanta, que elas vão parar na televisão e pagam o maior mico de suas vidas em rede nacional".

Extraído do release que me foi enviado, o trecho acima resume o enredo de "Tudo por um Pop Start", baseado no livro homônimo de Thalita Rebouças, também responsável pela supervisão do roteiro. Pedro Vasconcelos responde pela direção geral, Marco Bravo pela direção e Gustavo Reiz pela adaptação teatral.

A montagem, em cartaz no Teatro Municipal Ipanema, tem elenco formado por Christian Villegas (Michael Lazdakson), David Lucas (Julius Tiger/ Davi), Gabi Porto (Paulinha), Jullie (Manu), Larissa Bougleux (Ritinha), Marcella Rica (Gabi), Marco Bravo (Miro Montalban), Raphael Rossato (Slack Tom Tompsom) e Rosana Chayn (Bárbara) - neste último sábado, Rosana acumulou seu papel com o de Babete, já que Thais Belchior, responsável pela personagem, teve que se ausentar do Rio de Janeiro em função de compromissos profissionais assumidos antes da estreia do espetáculo. Os atores dividem o palco com a Banda Jack B.

Sendo Thalita Rebouças uma das escritoras nacionais de maior sucesso junto aos adolescentes - com o singelo detalhe de ser também uma mulher linda -, só por uma inconcebível conspiração dos sempre caprichosos deuses do teatro a presente obra não faria sucesso no palco. Qual de nós, quando adolescente, não teve ídolos, não desejou vê-los de perto, não teve a certeza absoluta de que certas músicas foram especialmente compostas para nós?

E qual adolescente não teve maiores ou menores questões com os pais, com os irmãos, com os colegas de colégio, com os professores, com os hormônios que nos modificam interna e externamente? Quem não acreditou piamente que o mundo inteiro lhe pertencia e em momento algum deixou de acreditar que, mais cedo ou mais tarde, o príncipe ou a princesa de sua vida surgiria, como num passe de mágica, e então a felicidade seria eterna? Quem não passou por tudo isso, que me desculpe: mas não teve adolescência...

E o texto simples e despretensioso, mas pleno de humor e humanidade, retrata com extrema sensibilidade este momento de passagem tão crucial em nossas vidas. E sendo excelente a adaptação teatral de Gustavo Reiz, só se houvesse a já mencionada conspiração dos deuses do teatro o resultado poderia diferente do que constatei no Ipanema: um sucesso absoluto!

A começar pela divertida e criativa direção de Pedro Vasconcelos e Marco Bravo, que impõem à cena uma dinâmica eletrizante cujas marcações retratam todo o furor existencial dos adolescentes, que se identificam com o espetáculo desde o primeiro momento - aliás, gostaria de ressaltar como é apaixonante se assistir a uma montagem em que os espectadores, em sua maioria adolescentes e portanto ainda não maculados por tediosas regras de bom comportamento, cantam, gritam, batem palmas e interagem com os atores o tempo todo. E isto também se dá, obviamente, pelo excelente desempenho do conjunto, tanto no que diz respeito ao texto articulado como no tocante às ótimas canções, que todos interpretam de forma irrepreensível.

Sendo verdadeira (no que acredito piamente) a definição de teatro proferida pelo maior encenador vivo, o inglês Peter Brook ("O Teatro é a Arte do Encontro"), não resta a menor dúvida de que o Ipanema, neste momento, é palco de um belíssimo encontro entre quem faz e quem assiste. E aproveito para parabenizar os idealizadores deste projeto destinado aos adolescentes, quase sempre ignorados em nossa dramaturgia e em nossas produções.

No complemento da equipe técnica, destaco com o mesmo entusiasmo as colaborações de todos os profissionais envolvidos nesta mais do que oportuna empreitada teatral - Raphael Rossatto e Marco Bravo (direção musical), Ronald Teixeira (cenografia e figurino), Luciano Xavier (iluminação), Ana Paula Bouzas (direção de movimento), Gabi Porto (preparação vocal) e Will Ferrari (visagismo), sendo também imperioso destacar a ótima performance da Banda Jack B.

TUDO POR UM POP STAR - Texto de Thalita Rebouças. Direção geral de Pedro Vasconcelos. Direção de Marco Bravo. Adaptação teatral de Gustavo Reiz. Com Christian Villegas, Marcella Rica e grande elenco. Teatro Municipal Ipanema. Sexta e sábado, 21h. Domingo, 19h.




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