quinta-feira, 24 de abril de 2014

EDITORA LIGA LANÇA “NÃO É POR 20 CENTAVOS. UM RETRATO DAS MANIFESTAÇÕES NO BRASIL”

Especialistas tratam de temas como o surgimento dos Black Blocs no Brasil, a atuação das forças de segurança, repressão, rolezinhos e democracia  

A editora Liga está lançando “Não é por 20 centavos. Um retrato das manifestações no Brasil”, com artigos escritos por especialistas de variados meios, com diferentes visões sobre as manifestações que, em 2013, surpreenderam o País. “Esse primeiro livro é uma publicação coletiva, a melhor forma de dar voz a várias pessoas que têm coisas relevantes a dizer sobre determinado tema. Nós ficamos extremamente satisfeitos com o material que reunimos, e queremos investir mais em projetos inovadores como esse. A partir de maio, após esse lançamento, vamos propor novos temas, incluindo publicações femininas e infanto-juvenis.A nossa expectativa é fechar 2014, o primeiro ano da editora, com 10 mil exemplares vendidos”, explica Silvina Ramal, criadora da Liga.

“Não é por 20 centavos. Um retrato das manifestações no Brasil”é integrado por seis artigos: “Massas em busca de um cordeiro”, de Claudio Julio Tognoll; “O Caminho Sem Fim da Democracia”, de Bruno Borges; “Black blocs, uma história”,deBruno Fiuza; “Legitimação de violência performativa no Black Bloc paulistano”, de Esther Solano Gallego e Rafael Alcadipani, “A Brecha de Junho está Aberta: Aprofundar a Democracia”, de Giuseppe Cocco e Hugo Albuquerque, e “Quem reprime manifestações, as polícias ou os governos?”, de Danillo Ferreira.

Segundo Bruno Borges, PhD em Ciência Política pela Duke University e professor da PUC-RJ, “apesar dos quase trinta anos de democracia consolidada, boa parte das pessoas ainda acha que a democracia funciona (e deve funcionar) no piloto-automático: basta votar de vez em quando, esperar resultados e reclamar dos políticos que, em algum momento, como num passe de mágica, o Brasil se transformará de maneira tão radical que não nos reconheceremos mais: seremos a Suécia com praias”. Para Claudio Tognolli, Doutor em ciências da comunicação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP/SP), “as massas que protestaram contra os R$ 3,20 da tarifa de ônibus não pararam ali: seguem, em 2014, destruindo ônibus, portas de vidro de bancos, carros, o diabo. Estamos a um passo de um clima que gerou o nazifascismo”, alerta.

Bruno Fiúza, historiador formado pela USP, lembra que os blackblocs não são uma novidade e nem um mistério. “Trata-se de uma tática militante surgida há mais de trinta anos e sobre a qual há vasto material de pesquisa disponível. Conhecê-los melhor é só uma questão de vontade política”. O especialista lembra que a situação se torna dramática porque não existe partido capaz de se apresentar como uma alternativa viável às forças que estão no poder. “Chegamos a um ponto em que a política institucional se descolou de tal maneira dos anseios políticos reais da sociedade que a disputa eleitoral se tornou uma espécie de batalha surreal – adversários fechados em seus castelos em Brasília que perderam qualquer contato com o pensamento das pessoas de carne e osso. E quando o poder se torna impermeável aos desejos do povo, a única oposição verdadeira é a das ruas”, ressalta em seu texto.

Para Esther Solano, Doutora em ciências sociais pela Universidade Complutense de Madrid, "os discursos sobre a ação direta, a relação entre imagem, linguagem e violência são centrais para entender a complexidade do BB (Feldmam, 1995). A partir disso se deriva a importância de estudar as narrativas destes jovens sobre sua própria percepção da violência como instrumento de protesto para avaliar o que, de fato, significa o BB, um fenômeno que tem causado, tanto na sociedade como nas instituições brasileiras, tanta perplexidade". 

“A novidade dessa nova composição de classe é uma classe sem nome, incontrolável, indisciplinável e imponderável, pronta para fazer movimentos livres, não homologáveis a qualquer momento. Ela não vai pedir autorização para fazer o que já é seu de direito. Foi-se o tempo dos salamaleques com o poder. O rolezinho é, pois, o inverso da Copa no Brasil: é o ócio investindo diretamente contra o negócio, tempo livre contra roubo de tempo de vida, ocupação de espaço versus confinamento”, explicaGiuseppe Cocco, cientista político e professor daUniversidade Federal do Rio de Janeiro.

“O povo brasileiro nas ruas trouxe à baila os limites de nossa tolerância à liberdade de expressão. E, sem dúvida, o modo de atuar das polícias expressa bem a disposição, ou indisposição, para dialogar com os anseios expressos nas manifestações”, conclui Danillo Ferreira, Tenente da Polícia Militar da Bahia, associado ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública e graduando em filosofia pela Universidade Estadual de Feira de Santana.

Sobre a editora
Mais do que uma editora, a Liga é um espaço criado para que os escritores apresentem seus trabalhos e, efetivamente, consigam publicá-los. No site, os textos podem ser inscritos de duas formas: obras autorais e colaborativas, com uma área própria para artigos e charges. A Liga é uma editora onde todos têm a mesma oportunidade de publicar e onde os únicos parâmetros usados são a qualidade, a criatividade e o gosto dos leitores. A Liga é um espaço democrático, uma verdadeira comunidade onde todos participam do processo de decisão sobre o que vai ser publicado: escritores, equipe interna, curadoria e leitores.

Ficha técnica
Título: “Não é por 20 centavos. Um retrato das manifestações no Brasil”Autor: vários
Formato: ebook
Páginas: 59











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