segunda-feira, 8 de abril de 2013

Teatro/CRÍTICA


"Freud - A última sessão"


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Divertido e emocionante encontro



Lionel Fischer



Não se sabe ao certo se o encontro entre Sigmund Freud e o escritor e crítico irlandês C. S. Lewis aconteceu de fato, em 1939, na Inglaterra, onde Freud estava exilado e Lewis morava desde a infância. Mas isto passa a ser irrelevante, à medida que as discussões travadas entre ambos, no presente texto, abordam temas da maior relevância, tais como psicanálise, sexo, ética e, sobretudo, religião - ateu convicto, Freud não conseguia entender como Lewis, também ateu até os 31 anos, convertera-se ao catolicismo.

De autoria do norte-americano Mark ST. Germain, "Freud - A última sessão" está em cartaz no Teatro Maison de France. Ticiana Studart assina a direção, estando o elenco formado por Helio Ribeiro (Freud) e Leonardo Netto (Lewis).

Como se sabe, não é raro um teatro de ideias tornar-se enfadonho, por mais interessantes que sejam as tais ideias. Aqui, no entanto, dá-se o oposto, e pelo fato de que os embates não ficam circunscritos a pontos de vista antagônicos, mas acabam se mesclando a questões pessoais, muitas vezes responsáveis pelas ideias defendidas pelos personagens. Este recurso, utilizado com extrema competência pelo autor, confere à obra um comovente grau de humanidade. E cumpre também ressaltar o humor de muitas passagens, resultante não de piadas inócuas, mas justamente das contradições entre Freud e Lewis.

Diante de um material dramatúrgico desta natureza, a diretora Ticiana Studart optou por conferir à cena indispensável sobriedade, sem por isso minimizar as passagens efetivamente engraçadas, que funcionam como excelente contraponto àquelas em que as tensões predominam. Afora isto, a encenadora conseguiu extrair ótimas atuações do elenco.

Na pele de Freud, Helio Ribeiro exibe a melhor atuação de sua carreira. Valorizando ao máximo todas as características do complexo e não raro contraditório personagem, o ator oferece ao público um retrato absolutamente convincente do pai da psicanálise. A mesma eficiência se faz presente na performance de Leonardo Netto, que trabalha na medida exata tanto a admiração que dedica a Freud quanto a oposição que a ele faz em alguns momentos, exibindo uma composição feita de sutis e sensíveis nuances.

Na equipe técnica, Aurélio de Simoni ilumina a cena com precisa sobriedade, sendo irrepreensível a hiper realista cenografia de José Dias. Kiara Bianca responde por figurinos irretocáveis, cabendo ainda citar as preciosas colaborações de Marcelo Alonso Neves (direção musical), Sueli Guerra (direção de movimento), Rose Gonçalves (preparação vocal) e L. G. Bayão (tradução).

FREUD - A ÚLTIMA SESSÃO - Texto de Mark ST. Germain. Direção de Ticiana Studart. Com Helio Ribeiro e Leonardo Netto. Teatro Maison de France. Quinta e sexta, 19h30. Sábado, 21h. Domingo, 19h.





Um comentário:

  1. Boa tarde Lionel. Gostaria de falar com você sobre um assunto profissional. Por favor entre em contato através do e-mail raquelmachado@sescrio.org.br Obrigada!

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