terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Teatro/CRÍTICA

"Clímax"

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Filosofia e suspense no Glaucio Gill


Lionel Fischer


"Felipe, professor de Filosofia, tem um aluno predileto, David Angerman. Este, além de um amigo de infância de Felipe, delegado Bocaiúva, a ex-esposa de Felipe, Mercedes, e a bela digitadora Sofia, reúnem-se toda terça-feira para estudar literatura policial. Na noite da peça é aniversário de Felipe. E também é a noite que o psicopata David Angerman marcou para atingir a missão de sua vida: por ordem do diabo, pode ser sua própria loucura, ele deve matar Felipe naquela noite. Em meio à reunião literária, toda a verdade é descoberta e faz explodir a extraordinária violência".

O trecho acima, extraído do release que me foi enviado, resume o enredo de "Clímax", texto assinado e dirigido por Domingos Oliveira. Em cartaz no Teatro Glaucio Gill, a montagem chega à cena com elenco formado por Domingos Oliveira (Felipe), Claudia Ohana (Mercedes), Erika Mader (Sofia), José Roberto Oliveira (delegado Bocaiúva) e Matheus Souza (David Angerman).

Caso tivesse lido o release antes de assistir ao espetáculo (o que jamais faço), não teria a menor dúvida de que me aguardava uma trama policial, impregnada de suspense e, quem sabe, de algum terror. E embora tais elementos não deixem de existir, eles só aparecem praticamente no final e, em minha opinião, de forma não muito convincente - não revelarei os fatos, evidentemente, mas em nenhum momento me senti tomado por qualquer uma das sensações mencionadas.

Em contrapartida, tudo que antecede este momento final confirma, uma vez mais, a fantástica capacidade de Domingos Oliveira de pensar a vida, a morte, o amor e mais uma série de pertinentes questões que dizem respeito a todos nós. Todas as cenas envolvendo Felipe (na realidade, o próprio Domingos), Mercedes e Sofia são absolutamente irretocáveis, posto que exibem humor, lirismo, amplo conhecimento das relações humanas e, naturalmente, generosas pitadas de filosofia. E são interpretadas por Domingos, Claudia Ohana e Erika Mader de forma irrepreensível.

Quanto ao delegado, José Roberto Oliveira faz de forma correta um personagem sem maior alcance. Matheus Souza está muito bem até o momento final da peça, quando o personagem exibe sua verdadeira face e esta deveria nos causar terror - mas não foi o que senti, embora outros possam tê-lo sentido.

No tocante à montagem, Domingos Oliveira impõe à cena uma dinâmica em total sintonia com o material dramatúrgico. Suas marcações, ainda que simples, atendem a todas as finalidades do texto, cabendo ressaltar o delicioso clima de cumplicidade que se estabelece entre palco e plateia.

Com relação à equipe técnica, destaco com o mesmo entusiasmo os trabalhos de todos os profissionais envolvidos nesta instigante e bela montagem - Paulo César Medeiros (iluminação), Renata Paschoal e Priscilla Rozenbaum (figurinos), Domingos Oliveira (concepção do cenário) e novamente Renata Paschoal, responsável pela ambientação e cenografia.

CLÍMAX - Texto e direção de Domingos Oliveira. Com Domingos Oliveira, Claudia Ohana, Erika Mader, José Roberto Oliveira e Matheus Souza. Teatro Glaucio Gill. Sábado, domingo e segunda, 21h. 

  


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